A grife francesa Thierry Mugler apresentou, no dia 27 de fevereiro, na Semana de Moda de Paris, um belo desfile! A principal referência de Nicola Formichetti, diretor criativo da marca, foi a inspiradora arquitetura de Brasília, por Oscar Niemeyer. Os olhares do estilista também se voltaram para os filmes de Hitchcok e as aeromoças dos anos 1950 e 1960. A coleção é uma verdadeira viagem no tempo e no estilo.
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Sem considerar o fato (e o orgulho!) da paisagem de nossa capital servir como fonte de inspiração – eu não posso negar, foi esse o motivo primeiro do meu interesse –, a coleção é docemente impactante! Apostando em linhas geométricas, Formichetti (stylist da Lady Gaga) desenvolveu belas peças de alfaiataria – linhas simples, apresentam ora volumes, ora golas e mangas prudentemente marcantes. As peças, estruturadas – que revelam uma modelagem bem cuidada –, possuem formas arredondadas. Uma clara referência às curvas femininas e sedutoras presentes na obra de Oscar Niemeyer (1907-2012).
Não sei exatamente o porquê, mas as coleções inspiradas na arquitetura instigam o meu olhar e os meus sentidos – talvez pela acuidade que a criação exige. Ao ver as fotos e o vídeo de apresentação da Mugler, lembrei-me da memorável coleção outono/inverno 2010 que a Maria Bonita Extra desenvolveu usando como referência a arquitetura da talentosa ítalo-brasileira Lina Bo Bardi (1914-1992). Os looks, a despeito da rigidez e geometria – elementos característicos da arquitetura –, eram leves e, surpreendentemente, ternos. Tal qual os da Thierry Mugler.
E voltando à Thierry Mugler… As formas orgânicas exploradas por Formichetti me remeteram aos volumes vigorosos do artista plástico Ernesto Neto, o que contribuiu ainda mais para meu encantamento (é que sou fã da obra dele!).
Ponto também para a cartela de cores! Minimalista, combinou harmoniosamente tons sóbrios e esmaecidos, porém, sem qualquer apatia; ao contrário, preto, cinza, azul-esverdeado, amarelo e laranja desbotado, branco neve, bem ajustados aos shapes, se revelaram cheios de vida. Enfim, a coleção é uma composição rematada entre ponto, linha, volume, cor e plano!
Por Clícia Machado
Consultora da Federação das Indústrias de Minas Gerais