Por Eduardo Vilas Bôas
Professor de Moda do Senac SP
Já não é novidade que moda e arte vivem se trombando, por exemplo, com a influência do Surrealismo no vitrinismo. E não seria diferente se tal encontro acontecesse no varejo. Terreno ávido por novidades constantes, as lojas têm dado ampla abertura para as experimentações conceituais e temáticas, e as vitrinas tornaram-se o epicentro dessas incursões.
Vitrina Dior
A mais recente inspiração para o vitrinismo é o Surrealismo. Quando André Breton lançou o Manifesto do Surrealismo, em 1924, um irreverente grupo de escritores aderiu de imediato à proposta de uma criação artística concebida como “puro automatismo psíquico”, propagando-se posteriormente para as artes plásticas e o cinema.
Vitrina Harvey Nichols
O movimento de origem francesa foi caracterizado pela expressão do pensamento de maneira espontânea e automática, regrada apenas pelos impulsos do subconsciente, desprezando a lógica e renegando os padrões estabelecidos de ordem moral e social.
Vitrina Hermès
A revelação das três estruturas da psique humana por Freud (Ego, Superego e Id) influenciou diretamente o movimento do Surrealismo que lançou mão de abstrações e imagens simbólicas para tentar representar o inconsciente humano. De certa forma, essa estética produzida há mais de 90 anos alinha-se hoje com os interesses do indivíduo contemporâneo.
Vitrinas Selfridges
Chamado de “consumidor hedonista”, este indivíduo está atrás de relações com produtos, marcas ou serviços pelo prazer intrínseco que possam lhe proporcionar, seja por meio de momentos de escapismo, fantasia ou prazer via estímulos emocionais.
Vitrina Tiffany
Da mesma forma que o Surrealismo contou com expressivos nomes como os de Max Ernst, René Magritte e Salvador Dalí, nas artes plásticas; André Breton, no campo da literatura; e Buñuel, no cinema, hoje, expressivas marcas do segmento de moda, tais como Dior, Harvey Nichols, Hermès, Selfridges Beauty e Tiffany&Co, bebem da inspiração surrealista para conceber suas – incríveis – vitrinas.
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