Competição desleal, altos impostos na moda, falta de incentivo governamental são alguns dos desafios da indústria têxtil e da confecção. As pedras no caminho do empresário que atua no ramo da moda no Brasil são vários e leva as empresas do setor a buscarem alternativas de sobrevivência no mercado. Porém, algumas delas não veem solução e acabam por se desfazer.
Esse também é o caso de alguns dos profissionais mais talentosos da moda, como Jum Nakao e Walter Rodrigues. Os estilistas deixaram um dos principais eventos de moda do país, o São Paulo Fashion Week, e encerraram suas coleções a fim de atuar com moda de outras formas: lecionando e prestando consultoria.
Impostos na moda
Os impostos que incidem sobre o industria têxtil e de vestuário brasileiro são os mesmos para a indústria de transformação e são compostos por diferentes tributos. O Imposto de Renda (IR), por exemplo, arrecada cerca de 25% no caso de empresas que faturam mais de R$240 mil por ano e 15% para as demais. Também tem a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSSL) que arrecada 9%, PIS que abocanha 1,65% da receita bruta, Cofins com taxas de 7,6% sobre a receita bruta.
E não pára por aí, ainda tem o Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) com alíquota máxima de 17% sobre o preço da venda – a taxa pode variar dependendo do estado. A empresa ainda precisa pagar os impostos trabalhistas, que pode chegar a totalizar 69% do salário do colaborador.
No caso das empresas enquadradas no Simples Nacional (empresas com renda bruta anual de até R$240 milhões por ano e de pequeno porte com faturamento de até R$2,4 milhões) pagam alíquotas e tarifas reduzidas na ordem de 9% a 24%, que já contemplam todos os impostos inclusos. As taxas baixas para as microempresas podem incentivar as empresas a estagnarem, uma vez que o crescimento acarretará mais burocracia e tributação.
Os impostos na moda também atingem o varejo e podem totalizar de 20% e 35% do preço da roupa. Somando todos os tributos que incidem sobre a indústria têxtil, uma calça jeans, por exemplo, têm cerca de 40% do seu valor final destinados ao cofre do Governo Federal. A alta tributação faz com que as peças fiquem desinteressantes frente a artigos importados, como os Chineses, que chegam com preços competitivos no mercado nacional. Para reverter este quadro alguns projetos por parte de órgãos do setor e de empresários foram propostas aos Governo Federal, porém, sem grandes resultados.
Fonte
Revista do Correio – Brasília
– Os desafios da cadeia têxtil
– Planejamento empresarial: gestão e crescimento