Está em cartaz até 8 de setembro, no Seattle Art Museum (EUA), a exposição Future Beauty: 30 Years of Japanese Fashion, em comemoração às três décadas do japonismo. Surgido nos anos 80 e apresentado pela primeira vez nos desfiles para o verão de 1983, a inovação oriental era trazida pelos estilistas japoneses, então novatos, Rei Kawakubo e Yohji Yamamoto, ao colocarem na passarela peças que se assemelhavam a “sacos e cobertores”, em oposição aos terninhos e saias lápis dos criadores franceses.
As dobraduras, assimetrias e bainhas desfeitas dos novos estilistas japoneses chocaram e foram capazes de gerar amor e ódio. As roupas eram descoladas do corpo e não pretendiam valorizar as formas, priorizando o conforto herdado do quimono. Meses depois da apresentação em Paris, Issey Miyake ajudou a consolidar o movimento com a exposição Bodyworks.
Exposição Future Beauty: 30 Years of Japanese Fashion apresenta peças de estilistas japoneses famosos/ Reprodução
De lá para cá, estes criadores mantêm uma produção contundente e rica, reforçando sua identidade e aprimorando seu olhar sobre o mundo, o homem e a moda. Yamamoto, ao trabalhar em ausência de cor, usando especialmente o preto, busca a valorização da forma. Kawakubo, apesar de negar a intenção, inevitavelmente nos faz pensar sobre a questão feminina de maneira muito ampla, ao desfazer a forma da mulher e nos propor enxergar outras possibilidades de exercermos a feminilidade.
A exposição Future Beauty em cartaz em Seattle traz cerca de cem criações de estilistas fundamentais para a construção da moda contemporânea. Com acervo emprestado pelo The Kyoto Costume Institute, a mostra ilustra como o japonismo influenciou Alexander Mcqueen e o movimento belga, nas criações de Martin Margiela, Ann Demeulemeester e Dries Van Noten.
Por Ana Carolina Steil
Pós-graduanda em Mídia, Moda e Inovação no Senac/RS