Por Greice Verrone
Designer de Moda
Na época da colonização do Brasil, após o ano de 1500, os portugueses introduziram em nosso país muitas características da cultura europeia, como as festas juninas, com os famosos trajes juninos. Você sabe quando foi criada essa tradição? O surgimento dessas festas foi no período pré-gregoriano, como uma festa pagã na comemoração da grande fertilidade da terra e das boas colheitas, na época em que ficou chamada de solstício de verão. Essas comemorações também aconteciam no dia 24 de junho, que para países de tradição católica é dia de São João, daí veio o nome de festas “joaninas”.
Os negros e os índios que viviam no Brasil não tiveram dificuldade em se adaptar às festas juninas, pois são muito parecidas com as de suas culturas. Aos poucos, as festas juninas foram sendo difundidas em todo o território do Brasil, mas foi no Nordeste que se enraizou, tornando-se forte na nossa cultura. Nessa região, as comemorações são bem acirradas – duram um mês, e são realizados vários concursos para eleger os melhores grupos que dançam a quadrilha. Além disso, proporcionam uma grande movimentação de turistas em seus estados, aumentando as rendas da região.
Com o passar dos anos, as festas juninas ganharam outros símbolos característicos. Como é realizada num mês mais frio, enormes fogueiras passaram a ser acesas para que as pessoas se aquecessem ao redor delas. Várias brincadeiras entraram para a festa, como o pau de sebo, o correio elegante, os fogos de artifício, o casamento na roça, entre outras, com o intuito de animar ainda mais a festividade.
As comidas típicas dessa festa tornaram-se presentes em razão das boas colheitas na safra de milho. Com esse cereal são desenvolvidas várias receitas, como bolos, caldos, pamonhas, bolinhos fritos, curau, pipoca, milho cozido, canjica, entre outras.
Outra característica forte das festas juninas é a quadrilha. Ela é uma contradança de origem holandesa com influência portuguesa, do Arquipélago de Açores, e também inglesa, que teve seu apogeu no século XVIII na França, onde recebeu o nome de “Neitherse”, tornando-se popular nos salões aristocráticos e burgueses do século XVII em todo o mundo ocidental. Como uma dança da corte, tinha figurino luxuoso, com roupas pomposas, perucas e anáguas.
No Brasil, quando a festa se popularizou, algumas modificações foram introduzidas no figurino dos trajes juninos. Os tecidos caros foram substituídos pela chita, os sapatos plataformas e de salto alto foram trocados por botas e sandálias de couro, e as perucas por chapéus, por causa do sol. O comprimento dos vestidos subiu um pouco devido ao calor e as calças masculinas ganharam remendos para parecerem mais novas.
Com o passar do tempo as quadrilhas viraram um grande negócio no Nordeste brasileiro ganhando status e profisionalismo das escolas de samba no período de carnaval. Com isso novamente os trajes juninos mudaram, hoje deixaram para trás a chita e voltaram a apresentar tecidos nobres, brilhos, apliques e bordados.
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