Por Juliana Zanettini
Consultora de tendências e consumo, e professora universitária
O gastrônomo francês Jean Anthelme Brillat-Savarin, ainda no final do século XIX, foi quem cunhou o termo gourmet para a definição da pessoa que tinha paladar sofisticado e refinamento culinário. De lá pra cá, muita coisa foi inventada em termos de aprimoramentos gastronômicos, contudo, foi há pouco tempo que certos tipos de pratos viraram tendência. Na realidade, essa onda gourmet trata-se da forma de se experenciar algo novo. E será que no âmbito da indústria do vestuário podemos falar em gourmetização da moda?
Na moda das roupas, por exemplo, o design de experiência surge como importante aliado para se entender como o cliente usa e se relaciona com determinadas categorias de produtos e, por consequência, melhor atender as necessidades dele. Para exemplificar a lógica da experiência, é válido enfatizar que, há um bom tempo, a gourmetização da moda existe sim. Prova disso são as roupas muito semelhantes encontradas em uma boutique de luxo e, ao mesmo tempo, em uma loja popular de rua. O que difere uma da outra passa a ser a decoração, o atendimento, a embalagem e um bom nome. É então que surge a lógica da experiência. Mas como ela está ligada à gourmetização da moda?
Na onda da experiência, o sentido do paladar é tido pelos empreendedores como um impulsionador de vendas, ao movimentar o modismo da gastronomia de uma forma sofisticada e tomar emprestado algumas características típicas do campo da moda. Por conta desses detalhes tão importantes que uma coxinha de galinha gourmet, por exemplo, é facilmente vendida a R$ 20 reais. Nessa onda, o carrinho da esquina, por exemplo, virou food truck. E, se pensarmos em ambiguidade e em fluidez nas atividades, a moda das roupas também toma emprestado da gastronomia alguns pré-requisitos e, assim, ocorre a gourmetização da moda.
Com o conceito emprestado da gastronomia, os fashion trucks têm como objetivo chamar a atenção de consumidores em potencial e utilizam a mobilidade urbana como ponto de partida. Este tipo de varejo é promovido na urbe (cidade), traz destaque para a marca e dialoga, mais uma vez, com a tão almejada experiência. Para tanto, há quem diga que algumas empresas já dispõem de fashion trucks que levam as mercadorias na própria casa dos clientes.
E, para mostrar que o negócio da gastronomia aplicada à moda funciona muito bem, recentemente, no festival Lollapalooza, a rede C&A marcou presença com um descolado fashion truck. Essa não é a primeira vez que a rede aposta nesse tipo de ação. Em 2014, a C&A lançou a coleção “Poderosas do Brasil” em um caminhão que viajou por diferentes cidades brasileiras. Pelo o que tudo indica, moda e gastronomia andam juntas.